Rota da Luz une espiritualidade, contato com a natureza e segurança aos peregrinos
Rota da Luz oferece alternativa mais segura para romeiros rumo à Aparecida O Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, é neste domingo (12). Dura...

Rota da Luz oferece alternativa mais segura para romeiros rumo à Aparecida O Dia de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil, é neste domingo (12). Durante toda a semana quem mora em Mogi das Cruzes percebeu o aumento de peregrinos na Avenida Francisco Rodrigues FIlho. É na estação Estudantes da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na avenida de onde parte o trajeto, que os romeiros iniciam a peregrinação pela Rota da Luz rumo à Basílica Nacional de Aparecida. Com 201 quilômetros de estradas secundárias, o caminho começa em Mogi das Cruzes e passa por mais oito municípios. ✅ Clique para seguir o canal do g1 Mogi das Cruzes e Suzano no WhatsApp A rota contrasta com a Rodovia Presidente Dutra (BR-116), também muito procurada pelos romeiros. Enquanto na Dutra eles dividem o espaço com o barulho de carros, ônibus e caminhões, na Rota da Luz a jornada tem um ambiente mais calmo que permite aos romeiros momentos de fé e reflexão junto à natureza. Durante o percurso, os fiéis passam por Mogi das Cruzes, Guararema, Santa Branca, Paraibuna, Redenção da Serra, Taubaté, Pindamonhangaba, Roseira e Aparecida. O caminho pode ser feito a pé ou de bicicleta. Ubirajara Nunes, presidente da Associação dos Amigos da Rota da Luz (AARL), reforçou que a ideia não é colocar o percurso como melhor opção do que a tradicional peregrinação na Dutra. "A Via Dutra nunca será descontinuada. É um caminho consagrado, mas muitos virão à Rota da Luz através de relatos de amigos que vivenciaram essa experiência", finalizou. Fé e Acolhimento Nesta jornada rumo ao Vale do Paraíba, os romeiros contam com auxílio de voluntários, que se mobilizam para apoiar e acolher os devotos. Gilberto de Moraes, de 73 anos, já fez a Rota da Luz sete vezes. A primeira foi em 2019 e ele teve a companhia da filha. Para ele, a experiência foi inesquecível tanto que seis anos depois continua com o mesmo entusiasmo. "Foi tão maravilhoso que não parei mais. O verde da natureza traz um efeito calmante e ajuda reduzir o estresse. Além disso, inspira a criatividade e a reflexão", contou Gilberto, que reservou seis pousadas com antecedência para a peregrinação desse ano. Gilberto reúne amigos que partem em direção à Aparecida pela Rota da Luz Gilberto Moraes Para encarar essa jornada de fé e devoção é preciso se preparar. Ele e os amigos utilizam um carro de apoio. "Levamos muita água, frutas, barras de cereais e doce. A condição física também é muito importante", detalhou. Ele nunca foi pela Via Dutra. "Acho perigoso. A Rota da Luz foi planejada para proporcionar uma experiência mais espiritual e contemplativa." Imagem de Nossa Senhora Aparecida na Rota da Luz Gilberto Moraes/Arquivo Pessoal Morador da capital paulista, Gustavo dos Santos Melo, de 41 anos, realizou o trajeto pela primeira vez esse ano. Ele começou no dia 20 de setembro e terminou no dia 27. As características do caminho chamaram a atenção do paulistano. "Queria muito esse contato com a natureza. Então juntei o útil e o agradável, que foi andar no meio da natureza, conhecer outras pessoas e a superação. Nunca tinha feito algo parecido. Não sabia se conseguiria completar um trajeto longo. Fiz quatro treinos, um no máximo de 15 km, ali na Marginal Pinheiros. Peguei confiança, comprei equipamentos e fui", relatou. "O verde foi decisivo para a minha escolha. Passava de seis a sete horas caminhando todos os dias e tirava algumas coisas da cabeça e alinhava outras. Isso foi muito bom. Um dos objetivos era esse e consegui atingi-lo com sucesso." Gustavo saiu de São Paulo para Mogi para fazer a Rota da Luz Gustavo dos Santos Diversos grupos se movimentam voluntariamente para prestar apoio aos devotos. Conhecidos como pontos de apoio, eles oferecem biscoitos, sanduíches, frutas, água, café e refrigerante. "Na primeira quinzena de outubro muitos peregrinos ficam por conta própria ao longo dos trechos da Rota da Luz, prestando apoio aos devotos", disse Taniah Schleter, de 71 anos. Ela também destacou o ambiente como um fator diferencial. "A peregrinação, além do propósito de cada um, tem o objetivo de reconectar o homem a natureza e consequentemente ao 'Divino'. A energia e a beleza exuberante da natureza propicia uma conexão mais rápida e profunda". Romeiros deslumbram a natureza durante o percurso Gustavo dos Santos 450 mil visitantes De acordo com um levantamento do Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET), ligado à Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur-SP), são esperados 450 mil visitantes durante a Festa da Padroeira. O maior movimento ocorre aos fins de semana, quando chegam à cidade cerca de 150 mil pessoas, de acordo com dados da Prefeitura de Aparecida. Romeiros caminham pela Via Dutra Raul Neto/TV Diário Nossa Senhora Aparecida no rio Paraíba do Sul Em outubro de 1717, João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia pescavam no rio Paraíba do Sul. O trio ficou encarregado de conseguir peixes para um banquete na Vila de Santo Antônio de Guaratinguetá, que recebia a visita de Dom Pedro de Almeida Portugal. Enquanto navegavam, os pescadores encontraram a imagem de Nossa Senhora no rio. Ela estava quebrada, com o corpo separado da cabeça. Até hoje não há uma explicação sobre como a imagem foi parar lá. Na época, havia a crença de que guardar esculturas quebradas causava maldição. Partindo desta premissa, a principal hipótese é de que ela foi descartada por um fiel, que com medo de ser "amaldiçoado", optou por descartá-la. Outra teoria é de que a imagem foi arrastada até o Paraíba do Sul durante uma enchente. Ela ficava exposta em uma capela situada onde hoje fica o município de Roseira. Também não se sabe quanto tempo ela ficou submersa. É certo que, em sua origem, a imagem era de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Portugal. Como foi ‘aparecida’ (no sentido de encontrada), no entanto, tem até hoje como nome oficial Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ela está exposta no interior da Basílica, a cerca de 4 metros do chão, em um nicho com detalhes em pastilhas de porcelana, pintadas com ouro, e símbolos que remetem à ‘pesca milagrosa’. O nicho é protegido por um vidro blindado, cujo peso total é de meia tonelada. A estrutura inteira - chamada de retábulo - tem quase 37 metros de altura. Padroeira do Brasil O decreto que constituiu Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil foi assinado em 16 de julho de 1930, pelo papa Pio XI, de acordo com informações da Diocese de Mogi das Cruzes. A proclamação aconteceu em 31 de maio de 1931, no Rio de Janeiro, na época capital federal. A cerimônia foi acompanhada por milhares de fiéis. Santuário Nacional de Aparecida, destino dos peregrinos Thiago Leon/Santuário de Aparecida Leia também A partir de Mogi, peregrinos fazem caminhada inaugural da Rota da Luz Veja os caminhos mais seguros para fazer romaria até o Santuário Nacional de Aparecida, SP Veja os horários das missas que vão ser celebradas no dia 12 de outubro no Santuário Nacional de Aparecida Como a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi parar no rio onde foi encontrada? Assista a mais notícias do Alto Tietê